Dólar hoje: mercado reage a dados do IPCA-15, IOF e decisões nos EUA
Cenário econômico impulsiona otimismo no Brasil e pressão externa nos Estados Unidos
O mercado financeiro iniciou a semana com fortes oscilações no câmbio e na bolsa de valores, acompanhando de perto os desdobramentos da economia interna e os impactos de decisões internacionais. O principal destaque foi o comportamento do dólar hoje, que registrou queda significativa, refletindo dados positivos da inflação no Brasil e movimentos estratégicos de política monetária nos Estados Unidos.
Na terça-feira, o dólar recuou 0,53% e fechou cotado a R$ 5,6451, acumulando uma leve desvalorização semanal de -0,02%. Já o Ibovespa subiu 1,02%, alcançando 139.541 pontos, com avanço de 1,25% na semana. Esse movimento mostra uma reação positiva dos investidores aos sinais de que a inflação brasileira está sob controle e de que as políticas fiscais podem ser mais flexíveis nos próximos meses.
Inflação desacelera e abre espaço para ajuste na Selic
O grande destaque interno foi a divulgação do IPCA-15, que apresentou um aumento de 0,36%, abaixo das projeções de 0,44%. Essa prévia da inflação oficial trouxe alívio ao mercado financeiro, uma vez que indica um possível encerramento do ciclo de alta da taxa Selic, atualmente em 14,75%, o maior nível em quase duas décadas.
Esse índice é crucial para as expectativas futuras do Banco Central. A lógica da autoridade monetária é simples: elevar os juros para conter o consumo e, por consequência, reduzir a inflação. Quando os dados mostram que os preços estão subindo menos do que o esperado, cresce a confiança de que não será necessário apertar ainda mais a política monetária.
Para os investidores, esse cenário representa oportunidades. Com juros menos agressivos, ativos de risco como ações tendem a valorizar, e o câmbio pode se estabilizar, contribuindo para a queda do dólar hoje.
Impactos das decisões fiscais e o debate sobre o IOF
Enquanto o alívio inflacionário impulsionava o mercado, outro fator gerava tensão: o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A medida, proposta pelo governo para elevar a arrecadação e cumprir metas fiscais em 2025, pretende gerar R$ 20,5 bilhões.
Entretanto, a proposta encontrou resistência no Congresso Nacional, que já recebeu mais de 20 projetos para barrar o aumento. O ponto mais sensível foi a taxação de investimentos no exterior, que foi parcialmente revertida pelo governo, diante das críticas e do temor de fuga de capitais.
Apesar da tentativa de minimizar o impacto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu que essa renúncia pode exigir cortes adicionais no orçamento, que já prevê um bloqueio de R$ 31,3 bilhões. Ainda assim, o governo promete apresentar uma solução definitiva até o fim da semana.
Essa incerteza fiscal é um dos principais fatores que podem pressionar o câmbio, embora, por ora, o comportamento do dólar hoje indique que o mercado está mais focado nos dados de inflação e nas decisões externas.
Influência das decisões dos EUA no câmbio global
O cenário internacional também exerceu forte influência no desempenho do dólar hoje. Um dos fatores decisivos foi o adiamento da aplicação de tarifas de 50% sobre produtos da União Europeia, originalmente previstas pelo governo norte-americano para junho.
A medida, que afetaria setores como automóveis de luxo, medicamentos e produtos agrícolas, foi prorrogada para julho. Essa postergação trouxe alívio aos mercados, que temiam um agravamento da guerra comercial entre EUA e UE.
Além disso, o mercado aguardava ansiosamente a divulgação da ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), que revela os próximos passos do Federal Reserve em relação aos juros. Com a inflação nos Estados Unidos ainda pressionada, o Fed pode manter sua política de aperto monetário, o que tende a fortalecer o dólar globalmente. No entanto, qualquer sinal de moderação é interpretado como positivo para os mercados emergentes.
Expectativas do mercado com dados futuros: Caged e PIB
Para os próximos dias, os investidores voltam suas atenções para a divulgação dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), da taxa de desemprego (Pnad Contínua) e do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre. Esses indicadores são decisivos para ajustar as projeções econômicas e influenciar diretamente o comportamento do dólar hoje.
Se os dados apontarem para uma economia aquecida com inflação sob controle, cresce a expectativa de que o ciclo de alta dos juros esteja próximo do fim, impulsionando ainda mais o otimismo do mercado.
Comportamento recente do dólar e da bolsa
Dólar hoje:
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Acumulado da semana: -0,02%
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Acumulado do mês: -0,56%
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Acumulado do ano: -8,65%
Ibovespa:
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Acumulado da semana: +1,25%
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Acumulado do mês: +3,31%
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Acumulado do ano: +16,01%
Esses números refletem um cenário de recuperação gradual da confiança dos investidores, que estão atentos a qualquer mudança nas políticas econômicas domésticas e internacionais.
Alívio global e perspectivas para o comércio internacional
No contexto global, a decisão dos EUA de postergar tarifas comerciais reforça a possibilidade de novos acordos multilaterais, especialmente com a União Europeia. A fala de Trump, destacando o interesse mútuo em ampliar as relações comerciais, animou o mercado e reforçou a ideia de um possível reequilíbrio do comércio global.
Essa melhora no clima internacional favorece economias emergentes como o Brasil, que são sensíveis a choques externos. Dessa forma, o câmbio tende a se beneficiar, pressionando o dólar hoje para patamares mais baixos, desde que o ambiente doméstico também colabore.
Conclusão: dólar hoje em queda e expectativas positivas
O comportamento do dólar hoje reflete um momento de transição para o mercado financeiro. Por um lado, há alívio com os dados internos — principalmente a inflação abaixo do esperado e a possibilidade de flexibilização dos juros. Por outro, persiste a cautela com as medidas fiscais e os desdobramentos da política econômica do governo.
Internacionalmente, o adiamento das tarifas dos EUA e as possíveis flexibilizações do Fed alimentam o otimismo dos investidores. O cenário, portanto, é de atenção redobrada aos próximos indicadores, como o Caged, o desemprego e o PIB.
Se as expectativas forem confirmadas, o Brasil poderá viver um momento de valorização de sua moeda e expansão de sua bolsa, consolidando a tendência positiva observada nesta semana.